De acordo com dados divulgados pela ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, o setor vive um cenário de recuperação sólida no mercado doméstico, com crescimento expressivo na receita líquida de vendas e no nível de emprego. Por outro lado, o comércio exterior segue em trajetória preocupante, com queda nas exportações e aumento nas importações.
Segundo a pesquisa Indicadores Conjunturais realizada pela entidade, a receita líquida total de vendas do setor alcançou R$ 27 bilhões em maio; um avanço de 26,3% em relação ao mesmo mês de 2024. Esse crescimento foi impulsionado sobretudo pelo mercado interno, que movimentou R$ 21,8 bilhões – alta de 35,5% na comparação anual.
Entretanto, o desempenho externo destoou do otimismo interno. As exportações somaram US$ 989 milhões, com retração de 5,9% frente a maio do ano anterior. Esse descompasso revela um desafio estrutural para a competitividade da indústria nacional, agravado pelo aumento das importações e pela perda de participação dos produtos brasileiros no mercado global.
A continuidade da recuperação interna reflete fatores positivos, como a resiliência da atividade manufatureira, a manutenção de investimentos em infraestrutura e a recuperação da agricultura, após um ano marcado por adversidades climáticas.
Porém, o avanço das importações e a queda das exportações apontam para um ambiente competitivo assimétrico, que ameaça o desempenho sustentável do setor.
Exportações recuam e importações atingem recorde
A retração nas exportações do segmento foi puxada, principalmente, pela queda nas vendas de máquinas para os segmentos de logística, construção civil e componentes. Destaca-se a forte redução das exportações para os Estados Unidos (-18,3%) e para a América do Norte em geral. Por outro lado, houve crescimento expressivo para mercados como Argentina (+54,3%), China (+90,8%) e Emirados Árabes Unidos (+121,2%).
Enquanto isso, as importações seguem em alta. Em maio, totalizaram US$ 2,675 bilhões; alta de 5,2% na comparação com 2024 – o maior valor já registrado para o mês no acumulado anual. A China respondeu por 32,4% do total importado, seguida por Alemanha e Estados Unidos.
Esse movimento reflete o aumento da presença de máquinas importadas no mercado brasileiro, muitas vezes beneficiadas por subsídios e condições favoráveis em seus países de origem, de acordo com a ABIMAQ. O índice de penetração de importados saltou de 34% para 46,5% nos últimos 10 anos – um avanço de 12,5 pontos percentuais, indicando crescente perda de espaço da indústria nacional.
Principais desafios da indústria de máquinas e equipamentos, segunda a entidade:
- Aumento da presença de produtos importados, mesmo diante da desvalorização cambial
- Queda consistente nas exportações, com destaque para a retração nos EUA e em setores-chave
- Previsão de desaceleração no segundo semestre
- Ambiente macroeconômico adverso e instabilidade regulatória
- Efeitos defasados da política monetária contracionista
Fonte: ABIMAQ