De acordo com a ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, os números de setembro de 2025 indicam uma recuperação na receita do setor, após a retração de 5,1% registrada em agosto. O mês foi marcado por melhora nas receitas líquidas de diversos segmentos, tanto no mercado interno quanto nas exportações.
A receita líquida de vendas atingiu R$ 27,2 bilhões, representando crescimento de 11,2% em relação a setembro de 2024. No acumulado do ano (janeiro a setembro), o setor apresentou expansão de 10,8%, praticamente estável frente ao resultado até agosto (10,7%).
As vendas no mercado interno totalizaram R$ 20 bilhões, um aumento de 18,2% sobre setembro de 2024 e 1,4% em relação a agosto de 2025, desempenho acima das expectativas. Ainda assim, o cenário permanece desafiador, segundo a entidade, influenciado por incertezas externas e pela política monetária contracionista, com a taxa básica de juros em 15% ao ano — A maior desde julho de 2006.
O consumo aparente nacional de máquinas e equipamentos também apresentou alta, totalizando R$ 35,6 bilhões, o que representa crescimento de 9,6% em relação a setembro de 2024 e de 3,7% sobre agosto de 2025 (ou 10,6% com ajuste sazonal). O resultado compensou parte das perdas do mês anterior (-14,9%) e refletiu maior dinamismo do mercado doméstico, com incremento nas aquisições de bens produzidos localmente.
Comércio Exterior – Exportações
As exportações de máquinas e equipamentos somaram US$ 1,325 bilhão, alta de 5,1% em relação a agosto e de 1,8% frente a setembro de 2024.
No acumulado de janeiro a setembro, o setor manteve o mesmo patamar de 2024, mesmo diante da queda dos preços internacionais (-2,2%) e da redução do consumo dos Estados Unidos (-8,2%). O aumento no volume físico exportado (+2,8%) e a expansão das vendas para a América do Sul (+18,5%) compensaram as perdas no mercado norte-americano.
Nos Estados Unidos, as aquisições de máquinas e equipamentos brasileiros recuaram 10% em relação a agosto e 13,1% frente a setembro de 2024. O desempenho foi desigual entre os segmentos: Houve quedas expressivas nas exportações de componentes (-28,9%), máquinas agrícolas (-20,6%), máquinas para a indústria de transformação (-18,5%) e máquinas para infraestrutura (-14,8%).
O único grupo setorial com expansão foi o de máquinas para construção civil, com crescimento de 5,4% no período.
Comércio Exterior – Importações
As importações totalizaram US$ 2,783 bilhões, aumento de 8,1% em relação a agosto e 8,4% sobre setembro de 2024.
No acumulado do ano, alcançaram US$ 23,97 bilhões, o maior valor da série histórica iniciada em 1999 (+9% sobre 2024).
Além da perda de competitividade estrutural, a redução de 3% nos preços médios das máquinas importadas favoreceu o aumento do volume físico importado (+11,9%).
Com isso, o déficit da balança comercial do setor atingiu US$ 14,3 bilhões entre janeiro e setembro de 2025, alta de 15,8% em relação ao mesmo período de 2024.
Capacidade Instalada, Carteira de Pedidos e Emprego
O nível de utilização da capacidade instalada atingiu 79,1% em setembro de 2025 — leve alta de 0,1 ponto percentual frente a agosto e 2,4 p.p. acima do resultado de setembro de 2024.
A carteira de pedidos manteve-se estável, com média de 8,9 semanas de atendimento, após a queda de 1,9% em agosto. Houve, contudo, redução nas carteiras de máquinas para logística e construção civil e de componentes para bens de capital, mantendo o setor, em média, 2,6% abaixo do nível de 2024.
O emprego no setor registrou leve queda de 0,3% em setembro, refletindo a desaceleração nas indústrias de máquinas para transformação de metais e máquinas agrícolas, ambas com redução próxima a 1% no quadro de pessoal em relação a agosto.
Perspectivas para o Setor
Após a forte expansão observada no primeiro semestre de 2025 (+15,1%), o crescimento das receitas do setor perdeu fôlego ao longo do terceiro trimestre, impactado pela política monetária restritiva.
No mercado interno, a resiliência de segmentos menos sensíveis aos juros — como indústria extrativa, infraestrutura e setores exportadores — mitigou parcialmente os efeitos sobre os investimentos produtivos.
No mercado externo, por sua vez, as tarifas adicionais de 40% impostas pelos Estados Unidos mostraram impacto menor do que o previsto, permitindo revisão positiva das projeções para exportações e receita total do setor, enquanto as expectativas para o mercado doméstico foram mantidas.
Revisão das Projeções para 2025
- Receita com exportações: A previsão de queda de 15,1% foi revisada para -4,2%, considerando uma redução de 24,4% nas vendas aos EUA no 4T, em comparação ao 3T,
- Receita no mercado doméstico: Mantida a projeção de crescimento de 11,9%.
- Receita total: Estimativa de crescimento anual revisada de 5% para 7,6%, incorporando o desempenho menos negativo das exportações.


