A ameaça da imposição de 50% de tarifas sobre o produto brasileiro por parte dos Estados Unidos é motivo de preocupação da indústria nacional desde que foi anunciada, em meados de julho. A pergunta de milhões é: Quem de fato ganha (ou perde) com tudo isso?
A resposta é simples: TODOS perdem. Mas quem de fato perde mais?
Aqui a resposta também é clara: O próprio Estados Unidos, tendo em vista que a balança comercial entre os dois países pende para o liderado por Trump!
Somente nos últimos dez anos (2015-2024), os EUA mantiveram superávit consistente com o Brasil: US$ 43 bilhões em bens, US$ 165 bilhões em serviços
Esta é uma das informações apontadas em um levantamento realizado pela CNI – Confederação Nacional da Indústria, a partir de fontes oficiais e estudos econômicos (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; e Universidade Federal de Minas Gerais). A pesquisa ainda revelou:
Os EUA são o 3º maior parceiro comercial do Brasil, sendo o destino de 12% das exportações brasileiras e a origem de 16% das importações
E mais: Os EUA são o principal destino das exportações da indústria de transformação, correspondendo a 78,2% das exportações em 2024.
A realidade que os números apontam é que sim, o principal prejudicado com a leva de tarifas impostas pela Casa Branca a parceiros comerciais são os próprios Estados Unidos. Acesse o estudo completo Clicando aqui.
Conforme dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o PIB americano pode cair 0,37% a partir das barreiras tarifárias impostas a Brasil, China e 14 outros países, além das taxas impostas à importação de automóveis e aço de qualquer lugar.
Por outro lado, o tarifaço pode reduzir em 0,16% o PIB do Brasil e da China, além de provocar uma queda de 0,12% na economia global e uma retração de 2,1% no comércio mundial (US$ 483 bilhões).
Impactos gerais do tarifaço na economia brasileira
- PIB: Queda de 0,16% (R$ 19,2 bilhões)
- Empregos: Perda de 110 mil postos de trabalho
- Exportações: Queda de R$ 52 bilhões
Setores mais prejudicados
- Tratores e máquinas agrícolas: -23,6% nas exportações e queda da produção de 1,86%
- Aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte: -22,3% de exportações e queda da produção de 9,19%
- Carnes e aves: -11,31% de exportações e queda da produção de 4,18%
O peso do mercado americano para o faturamento da indústria brasileira
Os números a seguir referem-se à participação das exportações aos EUA no faturamento bruto, segundo levantamento da CNI.
- Indústria de transformação: 2,6% do total
- Metalurgia: 10,1%
- Máquinas e equipamentos: 4,8%
- Indústria extrativa: 4,5% do total
Ricardo Alban, presidente da CNI, reitera que os números mostram que esta política é um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos. A indústria brasileira tem nos EUA seu principal mercado, por isso a situação é tão preocupante. É do interesse de todos avançar nas negociações e sensibilizar o governo americano da complementariedade das nossas relações. A racionalidade deve prevalecer”
Fonte: IBGE, MDIC, UFMG e CNI, via Portal da Indústria